Uma discussão recorrente no mercado de tecnologia é sobre a verdadeira definição de Edge Computing. A maioria enxerga a Edge como um conceito emergente e classifica um Data Center de Edge por seu tamanho e/ou localização. Mas a Edge Computing não é inteiramente nova e pode não ser o que se pensa que é.
O poder computacional tem sido implementado perto de um núcleo de usuários há muito tempo - desde grandes empresas até nos setores de educação, varejo e muito mais. Os wiring closets (ou bastidores, em português), por exemplo, são uma forma de Edge. Mas hoje, o que mudou foi a importância e os recursos desses minis Data Centers, que cresceram à medida que a tecnologia avançou para um ambiente mais híbrido. As empresas, agora, estão descobrindo a melhor forma de alavancar esse conceito, mas, em essência, o objetivo final desses ambientes e da Edge é o mesmo.
Imagine um cenário em que um grande banco administra uma instalação de vários megawatts fora de sua sede, mas não no meio do nada. Normalmente, isso seria considerado um Data Center corporativo. E digamos que o mesmo espaço é alugado a um provedor de nuvem; teoricamente, então, ele se torna em uma instalação regional de wholesale colocation. Agora, vamos imaginar que o edifício abriga vários provedores de conteúdo, várias operadoras, processamento de redes e armazenamento. Ele pode ser, portanto, chamado de um Data Center de Edge.
Com essas definições em mente, acredito que a vantagem desse Data Center não é definida por tamanho ou localização. É uma aplicação – que depende da tecnologia dentro dela e como ela é utilizada. O mesmo vale para a nuvem. A cloud não é uma localização em si, é uma aplicação. Então, a vantagem significará coisas diferentes para pessoas diferentes, de acordo com o caso de uso.
Lights-out
Além disso, eu caracterizaria a Edge como um ambiente lights-out, ou seja, uma área de computação isolada e sem interação humana, que está conectada a uma central. A Edge contém energia convergente incorporada, refrigeração, computação de rede e equipamentos de TI, mas em uma instalação crítica não tripulada.
Anos atrás, se 30KW de um Data Center caísse, talvez um andar de pessoas perderia a conexão com o servidor de e-mail. No mundo conectado de hoje, no entanto, essa mesma interrupção poderia causar batidas de carros, derrubar operações inteiras e mais. Assim, a Edge permite que o impacto da indisponibilidade de um Data Center seja condensado e virtualizado em um ambiente muito pequeno.
O que há de novo
Pense nos veículos autônomos. Os automóveis são projetados para serem conduzidos por um ser humano. A mesma engenharia poderia ser utilizada para veículos autônomos? Talvez a base permaneça (4 rodas, assentos, etc.), mas um modelo de projeto e operação totalmente diferente será necessário para dar certo. As principais diferenças de funcionalidade serão na integração entre softwares e dispositivos mecânicos, na capacidade de conexão e no fluxo de informações de mão dupla.
Estamos na era da Inteligência Artificial. É hora de termos uma instalação de Data Center lights-out e sem a interação física de humanos.
Neste contexto, a novidade da Edge - sobre a qual precisamos começar a pensar - é como nós desenvolvemos Data Centers de Edge. Assim como o carro, por que nós desenvolveríamos um ambiente ligts-out da mesma maneira que faríamos em um Data Center tradicional? Precisamos considerar novas maneiras de construir, operar e manter esse modelo.
*Luciano Santos é vice-presidente de ITD na Schneider Electric.